sábado, 14 de setembro de 2013

Carta ao meu pai...

Carta ao meu pai....

        
Hoje, 10 de Setembro de 2013,  tenho mais de 3 Kg; minha boca se parece com a sua, sou bochechudo como você era quando criança e nesse momento estou todo encaixado fazendo mamãe sentir dores, mas ela ri dos meus movimentos: já sei pular, esticar a perna; na última ultrassom dei cambalhota – ela quase morreu; chupo dedo e espreguiço, pergunta pra Caio quantas vezes ele viu a minha coluna, toda perfeitinha, mamãe tem razão: vocês sabem fazer filhos (e como!). Ah, pai, meu primeiro segredo pra você é o seguinte: vou nascer maior que Caio, mas não conte isso ao meu irmão porque ele detesta perder – isso mamãe já me avisou...

Pai, está bem perto de nós nos conhecermos; vou ouvir sua voz e sentir suas mãos quase que pela primeira vez; vou ouvir você respirar e você vai me sentir depois de 9 meses. Tenho certeza que você será um grande pai: mamãe me conta como você fazia com Caio quando ele estava na barriga dela, e ela me diz que a vida é muito engraçada, por que ela conseguiu, acerca das circunstâncias, fazer comigo tudo que vc fazia com meu irmão: ela conversa, canta, me dá pitoque na barriga, me grita, me impõe uma rotina pra eu reagir aos estímulos. Ela me aperta e segura meu pé (dizem que as mães pegam no pé desde cedo) eu me reto e não deixo ela dormir. Mamãe acha que vou parecer com ela, mas terei sua personalidade mais calma, menos emocional por conta das experiências que já tive. Tenho uma rotina, me movimento muito quase sempre nos mesmos horários, reajo a café e doces. Não gosto de dormir do lado direito – sempre deformo a barriga de mamãe nesse sentido. Às 17hrs é hora de brincar, fico agitado demais. Sinalizo pra mamãe quando ela precisa parar, chuto muito e faço que vou encaixar, ela não aguenta e sossega... Mamãe continua fazendo piada de tudo, ela diz que eu deformo ela e que tomo suco de frutas Gammy. Fala que sou raciado com macaquinhos e que tenho muita vontade de nascer. Acredita que ela já ameaçou mudar meu nome pra Bento? Caio não gostou, e lá em casa, somos 2 meninos: maioria venceu.

Tem comidas que mamãe faz que eu gosto: mamãe tá numa dieta natureba, então adoro grão de bico, chá de camomila, peixe e hummmm....: torta de limão que ela faz! Já sei, já sei, você também gostava...

É papai, seríamos quatro, agora seremos sempre Três + um: não, o mundo não vai se acabar, só será um pouco mais doloroso, afinal em algum momento os frutos da história de vocês serão repartidos com outras vidas que no fundo no fundo não saberão exatamente de onde e como viemos, nem o que vivemos juntos.

Mamãe já comprou as minhas coisas, organizou meu enxoval, fez meu chá de bebê, providenciou as lembrancinhas da maternidade, vai pintar meu quarto, escolheu meus móveis, fez todos os exame e consultas de pré natal (pai, minha mãe é muito chorona!), me contou histórias a seu respeito para que eu não absorvesse os sentimos ruins que ela ora sentia por você. Mamãe reservou muito amor pra me receber, talvez na tentativa de suprir uma distância.... Pai, quando Caio me beija eu pulo pra ele ver que eu sou forte, ele acha que eu fico nadando...

Mamãe fala de você pra mim, diz que será um grande pai. Eu não vou entender muita coisa, a mim não caberá saudade de tempo algum porquê não saberei comparar. Também não conte isso a Caio, pois é meu segundo ponto de vantagem.

Já está perto, você me verá nascer, vai me dar o primeiro banho e tirar minhas fotos – se lembra da poesia das imagens? Não sei que sensações provocarei em você, não sei se a minha vinda ao mundo melhorará a forma como vocês o enxergam. Ninguém sabe como será, planejamos apenas. Mamãe diz que tem medo, mas essa é a parte triste que ela não me conta em voz alta, ela não gostaria que eu sentisse, mas às vezes é como se o friozinho das lágrimas me alcançassem, como se involuntariamente elas chegasse até mim. Aí mamãe conta uma piada, lê um livro, vê nossas fotos, respira e pensa que vai passar.

Papai, eu resisti a tudo que vivi. Vou ser forte mesmo, vou completar a família que minha mãe sente falta. Vou preencher e trazer liberdade emocional à ela. Tenho certeza que quando ela me olhar, ela vai ser livre de todas essas dores que ela guarda no coração que fica lá um pouco acima de onde estou agora (tá apertado já!!), ela está cuidando bem para que não tenha contato com esse coração dela... E eu vou te amar muito, porquê quando você me olhar, você vai se lembrar de tudo de bom que a vida permitiu que vocês construíssem juntos, ainda que não tenha sido sólido o suficiente, os frutos serão eternos.

Pode marcar no seu calendário, em menos de um mês estarei aqui nesse mundão, pra que a gente possa enfim se conhecer.



domingo, 8 de setembro de 2013

Sobre o sentir dor....

Detesto a idéia de sentir dor. Nos últimos tempos, quando eu penso em dor, engraçado que não faço nenhuma associação com a dor física. Tive algums experiências traumáticas fisicamente falando, seobretudo no pós parto de Caio, mas, com excessão disso, dor física pra mim, significa ir ao dentista.
Mas a dor psíquica, ahhhh, essa sim, me faz acreditar em inferno, e é aqui. A dor psíquica não é tão breve, pode durar a vida toda e deixar sequelas bem profundas, sobretudo quando a dor tem origem nas levianas insistências...
Pra quem tá observado é mais fácil ver quando o de novo, de novo, de novo não vai dar em nada, tudo conspira contra mas a gente insiste na perseguição do troço, pq ninguém gosta de fracassar. Mas há fracassos que não são só nossos, e todas as iniciativas partem do princípio que serão bem sucedidas.
Então, resolvi propagar ao mundo o melhor conselho, e um dos mais dolorosos também, ao contrário do que dizem todos os livros de auto ajuda: de-sis-ta! Desistir é a melhor coisa que se pode fazer quando não se consegue encaixar um sonho em um determinado lugar. Se nada de positivo aparece como saldo resultante de tanto empenho, hora de admitir: escolha errada...