domingo, 1 de setembro de 2013

Reta Final

Início de Setembro, reta final da minha gravidez. Foram meses muito difíceis: pelo desgaste emocional, pela solidão, pelo esgotamento físico, pelo medo, nossa, tem sido muito difícil. Nunca achei que algum dia em minha vida fosse passar pela experiência de ter um filho sozinha, nunca me vi tão rapidamente fora da minha própria vida, tampouco imaginei um dia escolher um pai para os meus filhos que não fosse capaz de estar ao meu lado em um momento tão delicado, mas aconteceu.
Esses últimos dias tem sido quase impossíveis, sobretudo porquê não consigo mais transpor as minhas limitações fisícas como me  locomover por exemplo, e questões como essa me fazem cair em duas opções: pagar - mas a grana tá curta, ou incomodar alguém que de certa forma não tem nada haver com o meu estado grávido.
Somado a isso, está o fato da minha residência, ou melhor, falta dela - por motivos burocráticos. Minha vida tá literalmente uma bagunça com móveis e pedaços de coração espalhados por todo lugar....
Não desejo mesmo isso que vivo pra ninguém: é um desdobramento pra não pirar. Entendi mais que nunca a frase " afasta de mim esse cálice...", entendi também que não tenho esse controle, e só me resta viver com a esperança de que o tempo seja mesmo o melhor remédio...
Não consigo me distanciar das minhas mágoas. Não consigo esquecer os rostos. Não consigo deixar meus porquês engavetados, só quem vive é que sabe. Às vezes saio sorrindo por aí, mas no fundo só eu sei a falta que a paz me faz...
Agora, sem dúvidas, eu sou mesmo forte. Não quero me comportar como vítima, mas acho que a vida poderia ter sido mais amena comigo, e, que ninguém me venha com a história que existem muitas pessoas em situações piores: ainda que hajam, isso é balela, e eu não vim nesse mundo pra passar perrengue desse jeito não.... Não sei quando as coisas terão um ponto final de tristeza de verdade, mas já não erro mais em permitir - meu grande erro... A culpa é uma merda, sobretudo quando de verdade descobri que em minha história não há nada que me condene, fiz sempre mesmo o melhor que pude e dei sempre o que tinha - fazer o que não se sabe ou dar o que não se tem é humanamente impossível...
Aí tem as tardes de domingo, que são sempre tristes e chuvosas, ainda que faça sol: sou eu, o sol ainda não está em mim...
Me sinto muito triste esses dias, muito triste mesmo - um somatório de coisas e fatos converge para isso. Em algum momento me perdi e foi tudo mais forte que eu, mas vai passar...
E eu que sempre tive uma habilidade imensa de sorrir, me vejo sem controlar tantas e tão confusas emoções - não queria que ficasse nada de ruim aqui dentro, mas ainda não encontrei o caminho, a liberdade... Queria mesmo que meus pés me levassem para algum lugar bem longe onde não pudesse existir nenhum tipo de passado, onde a realidade fosse indolor... Queria abraçar meus filhos todos os dias, sem que houvesse falta no abraço, sem que houvesse memórias no cheiro dos cabelos. Queria que o fato de estar me bastasse como motivo.
De qualquer maneira agradeço a vida pelos que nunca me deixaram.